segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

TEUTA (230-228 a.C.)

Rainha Teuta (em grego: Τεύτα, albanês: Mbretnesha Teutë ou Teuta) governou entre 230-228 a.C.foi uma rainha celto-ilírica do Reino Ardieu, o qual governou como regente do jovem rei Pines , seu enteado. O nome Teuta tem sido associado com o gaulês * touta-, significando "povo", e com o irlandês-gaélico tuath ('tribo'), o que pode significar literalmente rainha do povo. Teuta herdou um estado ilírio forte de seu marido, o rei Agron. Sob seu domínio, o poder ilírio continuou a crescer até a intervenção romana. Teuta, provavelmente sob a pressão das revoltas dos próprios povos da Ilíria sob seu governo, atacou o país vizinho do Épiro, onde ela capturou várias cidades, incluindo Fênice, a próspera capital dos epirotas, os quais sinalizaram sua aceitação da vitória ilíria enviando emissários para Teuta prometendo cooperação com ela em oposição às cidades gregas.
Rainha Teuta
Teuta continuou sua campanha contra as colônias gregas ao longo da costa da Ilíria. Isto levou interrupção das rotas comerciais para a República Romana. Os romanos logo sentiram-se ameaçados pelo poder crescente de Teuta, dando início à Primeira Guerra Ilírica. O ataque romano pegou Teuta desprevenida . A rainha conseguiu usurpar as terras dos gregos ao longo do Mar Jônico, mas essas foram facilmente tomadas pelos romanos que acabaram esmagando o Estado Ardieu. Teuta foi forçada a se render e aceitar um tratado em que o derrotado Reino dos Ardieus perdeu as suas terras do sul. Não obstante, Teuta se notabilizou como liderança feminina em mundo extremamente machista quanto a mulheres em posição de comando bem como levou aos ardieus, em sequência a seu finado marido, a realizarem grandes façanhas e aumentar seu poderio bélico, político e econômico.
Representação moderna da jovem rainha Teuta
O ano de nascimento Teuta não é conhecido. Ela era casada com o rei Agron, o qual havia feito do Estado Ardieu uma potência político-militar. Agron teve um filho chamado Pines com sua primeira esposa, Triteuta de quem se divorciara para casar com Teuta. Pines era apenas um menino quando seu pai morreu em 230 a.C. e sua madrasta Teuta assumiu o controle de fato do reino. O caso do governo de Teuta traz à mente exemplos de mulheres que ascenderam ao trono real ou atuando como regente em um estado ilírio. Ao contrário dos libúrnios, que eram governados por mulheres, apenas duas rainhas ilírias são conhecidas por terem governado no sul da Ilíria; além deTeuta temos a menos proeminente Caeria (século IV a.C.), que segundo o relato de Polieno foi morta pela princesa macedônica (de mãe ilíria) Ciane, filha de Filipe II e irmã de Alexandre Magno, durante uma batalha entre ilírios e macedônios.
O reino dos Ardieus quando da morte de Agron,
esposo de Teuta, em 230 a.C.


Campanha no Épiro
Ainda que com o governo nas mãos, Teuta foi confrontada com muitas revoltas internas e permitiu que seus súditos canalizassem o seu descontentamento na prática da pirataria contra seus vizinhos. Ela concedeu licença a navios individuais para saquear sem restrições. Sua primeira ação foi atacar os Estados gregos. Teuta mandou sua marinha para manter a costa etólia em cheque. A frota e o exército atacaram Elis e Messênia no Peloponeso. No retorno para casa eles passaram por Fênice, a capital do Épiro, onde uma guarnição de 800 mercenários gauleses se juntou a eles e lhes entregaram a cidade. Os epirotas rapidamente montaram um exército para retomar a cidade conquistada pelo exército de Teuta.  A notícia de que o general Escerdilaidas, sob o comando de Teuta, marchava para o sul através da passagem de Antigoneia fez com que os epirotas enviassem parte das suas forças para o norte. Em Fênice, que estava sitiada pelos epirotas, esses tornaram-se descuidados, e durante a noite os ilírios foram capazes de deixar a cidade, atravessar o rio depois de substituir a ponte de madeira que os sitiantes tinham parcialmente desmontado e ocupar uma boa posição para oferecer batalha. O ilírios começaram a vencer no dia seguinte.  Os epirotas pediram ajuda das Ligas gregas, enquanto o exército Teuta se reuniu com a força sob Escerilaidas e marchou para o interior do Épiro até Halicranum  (na planície da moderna Ioannina ). Aí os ilírios estavam se preparando para fazer a batalha com as Ligas gregas quando chegaram ordens de Teuta para se retirarem, pois  os dardânios sob a liderança do rei Longaro haviam invadido o norte do reino dos ardieus. Escerdilaidas foi forçado a voltar para proteger as fronteiras  contra os dardânios.
File:Finiq.jpg
Região da atual cidade albanesa de Finiq
onde outrora ficava Fênice, capital da Liga Epirota
No entanto, antes dos ilírios deixarem o Épiro, Teuta fez uma trégua com os epirotas. Fênice foi devolvida pelo pagamento de um resgate, juntamente com os prisioneiros livres. Escravos e os despojos foram colocados nos navios enquanto o exército sob Escerdilaidas marchou para o norte pela passagem de Antigoneia. Para evitar uma batalha final, os epirotas enviaram delegados a Teuta e junto com os acarnânios, eles fizeram uma aliança com os ilírios, comprometendo-se a ajudá-los a partir de então e de considerar os aqueus e os etólios como seus inimigos. Esta trégua fez do Épiro profundamente dependente do Estado Ardieu, que nesse tempo se tornou um dos maiores estados do Mediterrâneo, que se estende desde o rio Neretva, no norte, até para o Golfo Ambraciano no sul. O sucesso contínuo dos ilírios foi mais um choque para os gregos, principalmente por ver a cidade mais seguramente situada e poderosa do Épiro, assim, inesperadamente reduzida à servidão. Os gregos começaram a termer por suas terras e bens.
File:Illyria and Dardania Kingdoms.png
O reino de Teuta (Kingdom of Illyria)

Teuta e os Piratas
Quando Teuta subiu ao trono, ela foi recebida com certo mal-estar entre as tribos locais. Para lidar com essas revoltas, ela permitiu que os navios ilírios pilhassem os navios gregos e romanos. Isto poderia ter sido também um motivo para atacar o Épiro, em primeiro lugar. Deve ser observado que a prática da pirataria era considerada pelos ilírios como algo honroso. Após a ameaça dos dardânios ter sido controlada, Teuta continuou campanhas de expansão, tentando conquistar as colônias gregas na Ilíria. Essas incluíam Epidamno (Dirráquio) e Apolônia no sul e as colônias no norte da Dalmácia, cuja mais importante foi a colônia de Issa. Sucedeu que enquanto navios ilírios navegavam ao largo da costa de Onchesmos (atual Sarandë na Albânia), eles interceptaram e saquearam alguns navios mercantes de Roma. Os piratas de Teuta estenderam suas operações mais ao sul no Mar Jônico, interrompendo as rotas comerciais entre o continente da Grécia e as cidades gregas na Itália, e logo os piratas ilírios foram temidos como um terror do Adriático. A cidade de Fênice, que era o lugar mais próspero no Épiro e o centro para o comércio crescente com a Itália, estava sob controle de Teuta, cujo reino era a principal força militar no leste do Adriático. Isso tornou um confronto com Roma inevitável. Os romanos tinham conhecimento do perigo para a costa adriática da Itália de um ataque marítimo dos ilírios. Em 246 a.C., uma colônia romana foi fixada em Brundisium para manter ruma vigilância sobre o Golfo Jônico. Durante a ocupação ilíria de Fênice, um número de navios ilírios havia se envolvido em pirataria contra comerciantes italianos.
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Bolsa ilírica
O Senado romano, que tinha ignorado as queixas anteriores, percebeu que algo tinha que ser feito. A embaixada romana foi enviada ao Estado Ardieu liderada pelos irmãos Lúcio e Caio Coruncânio. Na chegada eles encontraram Teuta celebrando o fim de uma rebelião na Ilíria e envolvida em um cerco à cidade grega na Ilha de Issa, a última cidade que ficara de fora da expansão territorial dos ardieus. Quando os embaixadores se queixaram dos prejuízos causados a Roma pela pirataria ilíria, Teuta prometeu que nenhuma força real iria prejudicá-los, no entanto ela alegou que ela era incapaz de pôr fim à tradição da pirataria privada. Um dos embaixadores não se conteve e prometeu melhorar as relações entre a soberana e seus súditos, uma clara atitude que menosprezava a autoridade da Rainha. Quando a rainha ouviu isso foi tomada de "paixão feminina e raiva irracional”, segundo o historiador romano Políbio, e preparou para que o emissário insolente fosse assassinado em sua jornada para casa. Segundo Apiano, o embaixador da cidade de Issa, Cleemporo, também foi assassinado por ordem de Teuta. Essas notícias forçaram os romanos a se preparar para a guerra: Legiões foram alistadas e a frota montada, e houve indignação geral contra a rainha Teuta que ao mandar assinar os embaixadores violava praxes universais das nações.
Guerreiros ardieus


A Conquista de Corcira
A rainha sabia que a guerra seria principalmente travada no mar, então ordenou a construção de mais navios de guerra e protegeu a costa em torno de Epidamno e Apolônia. Assim que o clima permitiu, a rainha ordenou uma expedição naval ainda maior do que a dos anos anteriores, com a maioria dos navios rumo a um ataque à ilha de Corcira. Na primavera de 229 a.C., a frota ilíria apareceu diante de Epidamno. Uns poucos marinheiros ilírios adentraram os portões da cidade, sob o pretexto de buscar água, escondendo as suas espadas dentro das ânforas que tinham com eles. De acordo com Políbio, eles mataram os guardas e abriram as portas para os outros guerreiros da Ilíria. Apenas um alarme imediato e um contra-ataque rápido dos cidadãos de Epidamno salvou a independência da cidade.Os navios que tentaram tomar Epidamno se juntaram a principal força ilíria no cerco de Corcira. Os corcireanos, juntamente com Apolônia e Epidamno, procuraram assistência das Ligas da Grécia. 
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Ruínas da antiga Epidamno em Durres, Albânia
A frota ilíria entrou em confronto com dez navios da Liga Aqueia reforçada por sete navios de guerra dos acarnânios, ao largo da ilha de Paxos, ao sul de Corcira. Políbio relata que o Ilírios atacaram com seus navios amarrados de quatro em quatro, e entraram em confronto com seus inimigos. Os dois adversários lutaram de forma tão violenta que os navios do inimigo mal podiam se mover, emaranhados entre os arcos das naves ilírias que estavam amarradas. Em seguida, os ilírios saltaram para as pontes dos navios aqueus e os dominaram, visto que eram em menor número. Os ilírios sob Teuta tomaram quatro trirremes e afundaram um quinquerreme, enquanto o resto dos gregos conseguiram escapar. Após este novo estratagema marítimo, os ilírios conquistaram Corcira e estabeleceram uma guarnição sob o comando de um dos philoi (amigos chegados) de Teuta, Demétrio de Faros. A força ilíria principal navegou para o norte para um outro ataque a Epidamno. Os ilírios de Teuta estavam agora a ponto de controlar todo o norte da costa do Golfo de Corinto, incluindo as rotas marítimas para a Sicília e a Itália, via Corcira.


A Primeira Guerra Ilírica
A invasão romana da Ilíria em 229 a.C. parece ter pego Teuta e os ilírios completamente desprevenidos. A queda de Corcira precipitou os eventos. O cônsul romano Cneu Fúlvio tinha planejado navegar com seus 200 navios para Corcira para levantar o cerco ilírio. Mesmo quando ele soube que a ilha tinha se rendido, ainda navegou até lá, tendo já entrado em negociações secretas com Demétrio, que não era mais favorecido por Teuta. Demétrio tinha sido caluniado por Teuta e a temia. Assim, Corcira saudou os romanos e, com a complacência de Demétrio, renderam a guarnição. A cidade tornou-se simpática a Roma e que doravante vai confiar na proteção romana contra os ilírios. Demétrio agora serviria como assessor dos comandantes romanos até o fim da guerra.
As Guerras Ilíricas
Enquanto isso, o cônsul A. Postúmio trouxe um exército de 20.000 homens de infantaria, 2.000 de cavalaria e 200 navios vindo de Brindisium para Apolônia, que se juntou à aliança romana. A frota sob Fúlvio chegou a Apolônia e as duas forças avançaram na direção de Epidamno, fazendo com que as forças de Teuta abandonassem o cerco e se dispersam. A cidade entrou em proteção romana e o exército continuou penetrando nas terras do interior da Ilíria. Aqui os romanos receberam delegações de outros povos ilírios, incluindo os atintanos e os partinos, de quem uma rendição formal foi aceita. No mar, o bloqueio de Issa foi levantado e a cidade também recebeu proteção romana. Como os romanos se aproximassem do coração das terras do Estado Ardieu houve uma oposição ilíria mais firme. A frota moveu-se para o norte e atacou cidades ilírias costeiras, em um das quais, Noutria (não identificada), as perdas dos romanos incluíam um magistrado da República e alguns tribunos militares e 20 navios carregados de pilhagem foram interceptados. Os sitiantes de Issa fugiram para a cidade de Arbo, e Teuta se retirou para Rhizon no Golfo de Kotor. 
File:Bay of Kotor and fortresses.jpg
Localização de Risan (Rhizon) onde Teuta se refugiou
As hostilidades cessaram quando os romanos decidiram que o suficiente tinha sido alcançado. Os romanos entregaram a cidade e ilha de Issa a Demétrio, pois era o lugar de seu nascimento. A maior parte do exército romano retornou a Roma e tendo reunido cerca de quarenta navios e tropas dos aliados na área, o cônsul permaneceu monitorando todo o Adriático. Isso foi feito a fim de manter uma vigilância sobre os ilírios e os povos sob proteção romana. Teuta finalmente se rendeu em 228 a.C., tendo que aceitar uma paz ignominiosa. Antes do final do inverno, os enviados de Teuta apareceram em Roma e um tratado foi concluído. Os romanos permitiram que ela continuasse seu governo, mas restrito a uma estreita região ao redor da capital ou Scodra ou Rhizon, e privou-a de todas as suas outras explorações ao sul da capital. Pines, filho de o falecido rei Agron e enteado de Teuta, que era o legítimo rei, também foi reconhecido por Roma e assim Teuta teve sua autoridade diminuída. Eles também exigiram que ela pagasse um tributo anual e reconhecesse a autoridade final de Roma. Teuta também prometeu não navegar no sul de Lissus na foz do Drin com mais de dois navios mesmo assim desarmadas. Os termos do acordo foram encaminhados para as Ligas na Grécia, onde foram bem recebidos.
Atual cidade de Shkodra, Albânia, que fora outrora
Scodra, capital do reino de Teuta
Apolônia, Epidamno e no interior, a Koina (liga/união) ilíria dos atintainos e dos partinos ficaram sob a proteção romana. Isto marcou um terrível revés para o Estado Ardieu. O Senado romano empurrou as fronteiras do Estado de volta ao norte do rio Ardaxan (o atual rio Mat no norte da Albânia). Os ilírios foram forçados a desistir de todas as suas conquistas recentes ao sul do rio Drin. As terras ao sul desta fronteira foram tirados do reino dos ardieus e constituíram-se um protetorado romano de quatro partes autônomas: Apolônia, Epidamno, Parthini e Atintani. Ao mesmo tempo, serviu para criar uma separação ou barreira entre Ilíria e seus aliados nos Bálcãs, Macedônia e Épiro. Os ilírios foram assim cortados da rota terrestre para a Macedônia, seu patrono e aliado contra as Ligas gregas. Teuta foi sucedida por Demétrio de Faros, que usurpando o trono de Pines, se tornou rei do Estado Ardieu, violou o tratado anterior e, finalmente, começou a Segunda Guerra da Ilíria contra Roma .
O protetorado romano na Ilíria


Legado
Hoje, as ações da Rainha Teuta são consideradas pouco heróicas nos anais históricos da moderna região dos Balcãs. Mas, apesar de seus atos de pirataria, ela é reverenciada por sua resistência e vontade livre contra seus perseguidores. Teuta é retratada no verso da moeda de 100 lekë albaneses, emitida no ano 2000.
Moeda de 100 lekë com representação da Rainha Teuta

FONTE:
http://en.wikipedia.org/wiki/Queen_Teuta
http://forums.civfanatics.com/showthread.php?t=253681

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