sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

BARDILIS (393 – 358 a.C.)

Bardilis (em grego antigo Βάρδυλλις ou Βάρδυλις comumente transliterado para o latim Bardyllis; viveu em c. 448-358 a.C.) foi um rei do Reino dos Dardânios e, provavelmente, seu fundador. Bardilis criou um dos mais poderosos estados da Ilíria, o dos dardânios. A Dardânia (Albanês: Dardania; servio e macedônio: Дарданија, Dardanija, grego: Δαρδανία) foi um antigo país que abarcava o que é hoje o sul da Sérvia, (incluído Kosovo), o norte da República da Macedônia, incluída sua capital, Skopie, e o nordeste da Albânia. Baraliris foi um governante ilírio mencionado pelo apologista cristão Tertuliano (século II d.C.) que depois de ver um sinal em um sonho, embarcou em uma série de vitórias militares que lhe permitiram estender o domínio Ilírio sobre os molossos e outras tribos, até as fronteiras da Macedônia. Este rei foi, provavelmente, Bardilis visto que ele se encaixa nessas descrições.
File:Dardania kingdom.png
A dimensão do antigo reino dos dardânios e Kosovo
Seu reino chegou a dominar sobre terras da Macedônia, Épiro e Lincéstide. Bardilis viveu mais de 90 anos de acordo com fontes antigas, o que implica que ele morreu por volta de 358 a.C. Embora seu nome apareça em fontes de muito mais tarde, nos eventos de 359, parece que ele dirigiu o Estado Dardaniano muito antes dos ilírios. Segundo estas fontes, Bardilis viveu um longo tempo e estava em idade avançada quando enfrentou o rei macedônio Filipe II. Alguns dos linguistas do século XX têm ligado o nome Bardilis com a palavra albanesa i bardhë, "branco". Há uma outra opinião que liga o nome Bardilis com as palavras albanesas i bardhë, "branco", e yll, "estrela", mas de acordo com Stuart Edward Mann, esta última versão é uma etimologia popular, que não se baseia na reconstrução linguística, mas sim numa equivalência tradicional.  

Origens
Bardilis nasceu por volta de 448 a.C. O especial interesse relacionado com a imagem de Bardilis é que ele se tornou rei oriundo de humildes raízes, visto que era um mineiro de carvão e ganhou o poder pela força e contou com a simpatia dos guerreiros dardânios, desde de que a divisão do espólio fosse justa e imparcial. Bardilis não era o herdeiro do rei ilírio Sirras, mas era sucessor dos reis ilírios anteriores que tinham entrado em um tratado de paz com Amintas III da Macedônia sobre o controle de Lincéstide. Bardilis conseguiu trazer sob seu comando várias tribos em uma única organização e logo fez da Dardânia em um formidável poder nos Balcãs, resultando em uma mudança das relações com a Macedônia. Apenas reconhecendo este fato se explica sobre a mudança que ocorreu nas relações com os ilírios e macedônios em 393 a.C. Nada ficou nos antigos registros para localizar o centro de seu poderio, salvo o fato de que a vitória de Filipe II em 358, ganhou o controle de Lincéstide, porém sendo mais provável que a capital de Bardilis pode ter sido localizada no coração do Estado Dardânio, correspondente ao país de Kosovo de hoje. 
O Lago Radonic (Kosovo) pertenceu as terras dardâniacs
Bardilis, o Comerciante
Bardilis, ao contrário dos reis ilírios anteriores, combinou desenvolvimento militar e econômico. Seus súditos, os damastinos, começaram a cunhar uma moeda de prata em c.395 a.C. na cidade ilíria de Damastion (localização incerta). Estas moedas adotaram uma versão do padrão de alguns emblemas da então poderosa Liga Calcídica. Eles também exportaram prata em forma de lingotes. Outra cunhagem começou em c.365 em Daparria, uma cidade de mineração em Kosovo, que usou o mesmo padrão da cunhagem dos damastinos. A distribuição das cunhagens mostra que Bardilis construiu uma ampla região do comércio na região central dos Balcãs e ao norte do Danúbio, que estavam longe de ser as principais áreas de comércio grego. Dionísio I, tirano de Siracusa, tentou tocar região de comércio de Bardilis quando ele plantou colônias na costa ilírica do Adriático. É provável que Bardilis, ao contrário dos reis anteriores, tenha construído algumas cidades fortificadas perto das terras lacustres, provavelmente antes da ascensão de Filipe II.

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Exemplar de moeda de Dalmastion (século IV a.C.)


As Campanhas Macedônicas
Parece que Bardilis se opôs ao tratado de Sirras de Lincéstide com Amintas II, breve rei macedônio, e e invadiu a Macedônia em 393 a.C. Bardilis usou novas táticas de guerra, nunca usadas por qualquer um dos ilírios e ganhou uma batalha decisiva contra o rei Amintas III que teve que fugir e em seu lugar passou a reinar Argeu II, apoiado por Bardilis que dessa forma colocava a Macedônia sob sua tutela. Em 392 Amintas III aliou-se com os tessálios, expulsou Argeu e retomou a Macedônia do domínio dos dardânios. No entanto, os ilírios estavam constantemente invadindo e dominando as fronteiras do norte da Macedônia. Após contínuas invasões,  Bardilis forçou a Macedônia a pagar-lhe um tributo anual em 372. Em 370, o rei Amintas morreu, bem idoso, tendo restaurado a sorte do seu reino após os desastres ilírios, embora tenha se casado com a ilíria Eurídice, filha do régulo ilírio Sirras. Seu filho mais velho e sucessor foi Alexandre II. Em 369, Bardilis conseguiu brecar os esforços de Alexandre II na tentativa de eliminar os dardânios da Macedônia. Após a batalha, Alexandre II trouxe seu irmão mais jovem, Filipe (II) para Bardilis como refém, mas isto foi breve tempo. Em 365, Alexandre II foi assassinado sucedido por seu irmão Perdicas III.
O mundo grego perto do fim do reinado de Amintas III (371 a.C.)
e do início do de Pérdicas III (362 a.C.)
Os peônios começaram uma série de ataques contra os macedônios em apoio a uma invasão dardânia do norte. Pérdicas III, rei da Macedônia, humilhado pela indignidade de ter que pagar tributo aos dardânios, marchou para o norte na primavera de 358 com o exército macedônio para resolver o problema por meio da guerra. Esta não tinha sido a primeira ocasião na qual ele lutou contra Bardilis, o qual derrotou pesadamente os macedônios. Entre os 4.000 macedônios mortos, estava o próprio rei. O restante do exército macedônio, em pânico, muito temeroso do exército ilírio, perdeu o ânimo para continuar a guerra. Este foi o pior prejuízo sofrido pelos macedônios em seus esforços para libertarem-se dos ilírios. Com essa vitória, os dardânios expandiram seu controle para o sul em torno do Lago Lychnitis (Lake Ohrid) e para o oeste, na Alta Macedônia. Pelas ações de Bardilis, os dardânios levaram a Macedônia à beira do colapso.
O Lago Ohrid (República da Macedônia)


A Intervenção no Épiro
Em 385 a.C., os ilírios formaram uma aliança com Dionísio I, o poderoso tirano de Siracusa (Sicília). O objetivo do acordo era a restauração de Alcetas I ao trono do Épiro, o qual estava como refugiado em Siracusa. Ambos os lados estavam interessados nisso porque essa aliança asseguraria o poder ilírio e enfraqueceria o impacto da influência dos espartanos e macedônios no Épiro. Isso também daria a Dionísio uma oportunidade para fortalecer as posições de comércio às margens do Mar Adriático e do Mar Jônico. Dionísio enviou uma ajuda militar de 2.000 homens e 5.000 armas ao ilírios que estavam preparados para ir à guerra. Com estas novas fontes, Bardilis e seu exército invadiram o Épiro e abateram 15.000 molossos (a etnia dominante da região). À essa altura, Bardilis tinha estendido as fronteiras do Estado Dardânio tão a sul como o Mar Jônico. Porém, a intervenção de Esparta não demorou. Apesar de ser ajudado por 2.500 guerreiros gregos, os ilírios foram derrotados pelos espartanos liderados pelo rei Agesilau . O curto domínio de Bardilis sobre o Épiro tinha acabado, embora tenha causado grande devastação na região. Em 360, um outro ataque Ilírio forçou o rei Arribas, sucessor de Alcetas no Épiro, evacuar sua população não combatente para a Etólia e deixar os ilírios saquearem livremente o país. O estratagema funcionou e os molossos caíram sobre a ilírios que estavam sobrecarregados com o saque e os derrotaram.
A intervenção de Bardilis no Épiro

Bardilis contra Filipe II
Em 359 ascende ao trono da Macedônia Filipe II, após demover seu sobrinho Amintas IV. Porém, sua posição não é segura visto ter inimigos internos e externos. As áreas substanciais da Alta Macedônia permaneciam sob o controle de Bardilis. A fim de se concentrar na luta interna necessária para garantir a sua coroa, Filipe reafirmou o tratado que os dardânios tinham imposto à Macedônia pela força das armas e selou a aliança com seu casamento com Audata, provavelmente uma sobrinha ou filha de Bardilis. Essa ação dissuadiu uma invasão dardânia à Macedônia num momento em que o país estava mais vulnerável.
Bardilis e o contexto político da Macedônia em 359 a.C.
Na primavera de 358, Filipe havia finalmente assegurado sua realeza e era agora capaz de enfrentar a ocupação do noroeste da Macedônia por Bardilis. Quando a convocação de mobilização do exército macedônio chamou a atenção de Bardilis, ele propôs a Filipe que assinassem um tratado para manter o status quo, desde que ambas as partes mantivessem as cidades que já estavam em sua posse no momento. Isto foi naturalmente inaceitável para Filipe, porque ele não estava preparado para aceitar quaisquer outros termos que não uma retirada completa dos dardânios da Alta Macedônia. Bardilis, no entanto, não estava inclinado a desistir de seus ganhos sem luta. Filipe mobilizou todos os soldados disponíveis na Macedônia para a batalha. Bardilis, como antes, não era susceptível de tomar quaisquer prisioneiros; assim se derrotasse os macedônios provavelmente resultaria em baixas pesadas.
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Guerreiros ilírios retratados em cinto-placa de bronze
Embora os dois exércitos fossem quase iguais em termo de números (Bardilis tinha 500 homens na cavalaria e 10.000 de infantaria contra 600 cavaleiros e 10.000 de infantaria de Filipe), no entanto os macedônios eram de longe os mais bem treinados e equipados. Os exércitos encontraram-se em batalha em uma planície do Vale do Erigon perto Bitola, ao sul do Estado Dardânio. Bardilis inicialmente havia implantado em uma formação linear com o mais forte de suas tropas no centro, similar à falange macedônica. Filipe concentrou suas melhores tropas, os hipaspistas, em seu flanco direito. Filipe avançou contra de modo forçando-o a reorganizar-se em uma formação defensiva quadrada. A batalha continuou por um longo tempo, porque os dois exércitos lutavam com bravura.
Vista da cidade de Bitola (República da Macedônia) próxima de onde se travou a batalha de Bardilis com Filipe II
Por fim, os macedônios conseguiram botar a formação dos dardânios em desordem e vencer seus inimigos. Assim, em 358 a.C., Filipe II da Macedônia derrotou Bardilis, o Dardânio. A nova formação tática do exército macedônico elaborada por Filipe, com sua famosa falange, foi decisiva para a vitória bem como a atuação dos hipaspistas. A batalha custou aos dardânios 7.000 vítimas, quase três quartos de seu exército inicial. Bardilis provavelmente foi morto nesta batalha com a idade avançada de 90 anos. Embora os macedônios, finalmente vencessem a batalha, Filipe II viu que não era capaz de seguir o inimigo e persegui-los. Os Ilírios enviaram depois representantes e concluíram a paz, desde que deixassem todas as cidades que tinham conquistado na Macedônia. Nesta batalha, a questão preocupante da Lincéstide foi resolvida e isso mudou a situação nas fronteiras ocidentais em favor da Macedônia, a qual foi anexado o território dardânio até o Lago Ohrid. Isto formava um tampão de defesa contra qualquer tentativa futura de um ataque ilírio através do Vale do Drilon. As fronteiras entre a Ilíria e os macedônios permaneceram em torno do lago Ohrid por um longo tempo.

FONTE:
http://en.wikipedia.org/wiki/Bardyllis

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