Monúnio II (em grego antigo Μονούνιος; governou em c. 176-167 a.C.) foi um rei da Ilíria do Estado Dardânio. Monúnio era filho de Longaro, um rei da Dardânia que causou muito problema para a Macedônia a partir de 230 a.C. em diante. Ele sucedeu seu irmão Bato no trono da Dardânia. Monúnio tornou-se conhecido por sua vitória contra a tribo céltico-germânica dos bastarnas quando esses invadiram a Dardânia. Sendo difícil de derrotar militarmente os dardânios, o rei Filipe V da Macedônia elaborou um plano para lançar os bastarnas contra eles. Enquanto estava em campanha na Trácia em 184 a.C. Filipe enviou agentes para agitar os bárbaros ao longo do rio Danúbio para que pudessem invadir a Itália. Dois anos mais tarde Filipe ficou satisfeito ao saber que os bastarnas tinham aceitado a sua aliança e estavam oferecendo uma princesa no casamento de um de seus filhos.
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Ilustração dos guerreiros bastarnas |
Este povo formidável habitava além do baixo Danúbio, mas esteve muitas vezes disposto a participar em expedições longe de sua terra natal. No ano seguinte, as deportações em massa dos habitantes da Peônia feitas por Filipe fez com ele enchesse as cidades peônias com trácios e outros bárbaros, cuma vez que seria mais provável que se mantivessem leais a ele do que os peônios na vinda de algum perigo para a Macedônia, que era a guerra com Roma. Na verdade o propósito de Filipe para os bastarnas foi mais específico para a segurança da Macedônia: Invadir a Dardânia expulsando os dardânios e assumindo o seu país; mais tarde deviam continuar no seu caminho através da Ilíria, chegando finalmente à Itália. O historiador romano Tito Lívio (XL, 574-9) escreve que a intenção de Filipe foi acabar com os dardânios e assentar os bastarnas em suas terras (no atual vale Polog na República da Macedônia), e enviá-los para a Itália, porém, deixando suas mulheres e crianças na Dardânia.
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O reino da Dardânia |
Era um esquema tipicamente cruel, mas realista, e mais tarde foi imitado nas terras do Danúbio em mais de uma ocasião pelos romanos. Os bastarnas foram acompanhados pelos escordiscos, cujas terras estavam na sua rota. Para lograr êxito em seu estratagema, Filipe teve grandes problemas e despesas para organizar a passagem segura através das terras dos trácios. Eles saíram de casa após uma grande dose de hesitação, mas tinham ido tão longe como Anfípolis quando, no verão de 179 a.C., chegou a notícia de que Filipe V tinha morrido. Logo houve problemas com os trácios e os bastarnas recuaram para Donica (talvez a região de Rila na Bulgária), uma alta montanha na Trácia ocidental. O sucessor de Filipe, Perseu, tentou executar planos de seus pai. Depois de algumas escaramuças, parte dos bastarnas decidiram voltar para casa e partiram para Apolônia e Mesembria na costa do Mar Negro da Trácia, mas o resto, sob a liderança de Clondico, seguiu em direção as terras de Monúnio e começou a expulsar a população de acordo com o arranjo com falecido rei macedônio.
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Perseu, rei da Macedônia |
Em 176 a.C. Monúnio enviou emissários a Roma (sempre vigilante dos assuntos dos Bálcãs e em especial da Macedônia) com a notícia de uma invasão pelos bastarnas. Os enviados dardânios declararam que eles eram enormes guerreiros em tamanho e número e alegaram que eles estavam em de conluio com Perseu e os gauleses. Representantes da Tessália apareceram também a fim de confirmar a história de Monúnio. O Senado romano procedeu sua resposta habitual, enviando uma embaixada para investigar. Sobre o retorno da embaixada, Tito Lívio registra que os romanos relataram apenas que uma guerra dardânia estava em andamento, e Apiano acrescenta que haviam observado uma força militar importante se formando na Macedônia. Perseu, enquanto isso, despachou seus próprios emissários a Roma com desmentidos de que ele tinha qualquer parte na atividade do bastarnas. O Senado nem censurou nem absolveu Perseu, mas simplesmente determinou que ele tomasse cuidado em observar seu tratado com Roma e, portanto, o Senado não fez nada para apoiar Monúnio.
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O Lago Badovac (Kosovo) pertencia as terras dos dardânios |
Em 175 a.C., os bastarnas, apoiados pelos trácios e pelos escordiscos começaram a invasão da Dardânia. Para enfrentar inicialmente o perigo, Monúnio mobilizou todas as suas forças e concentrou-as em uma cidade, cujo nome não é conhecido, próxima ao acampamento dos bastarnas. Monúnio esperou o início do inverno para lançar o ataque decisivo, quando os aliados dos bastarnas regressariam aos seus países de origem. Assim que os dardânios tiveram conhecimento da sua retirada, o que deixou as forças dos bastarnas com cerca de 30.000 homens em campo, Monúnio separou suas forças em dois exércitos. O primeiro marchou de cabeça contra o inimigo e atacou-o diretamente, enquanto a outra unidade estava escondida ao longo das estradas e atacaria pela retaguarda. Mas a batalha começou bem antes do segundo exército fazer o seu ataque e os dardânios foram derrotados e retiraram-se para a sua cidade-quartel, que estava apenas 12 milhas do acampamento dos bastarnas. Os vencedores imediatamente cercaram a cidade, acreditando veementemente que os dardânios se renderiam logo por causa do medo ou que imediatamente tomariam a cidade pela força.
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Representação de guerreiros ilírios |
Enquanto isso, a segunda parte do exército de Monúnio, tendo feito o seu caminho sem saber da derrota e fuga do primeiro, encontrou o acampamento dos bastarnas indefeso, e facilmente tomou-o sem qualquer esforço. Tendo perdido toda sua bagagem e suprimentos, os bastarnas foram obrigados a retirar-se da Dardânia e voltar para casa. A maioria pereceu quando cruzaram o rio Danúbio congelado a pé, pois o gelo cedeu. Entre os sobreviventes estava Clondico que liderara seu povo na Dardânia quatro anos antes. Apesar do fracasso da estratégia de Filipe com os bastarnas, a suspeita despertada por esses eventos no Senado romano quanto às intenções bélicas da Macedônia, assomando-se a outros eventos, deflagrou o fim da Macedônia como um estado independente, pois Roma iniciaria sua luta contra o rei Perseu. Assim Monúnio conseguiu proteger as fronteiras do Estado Dardânio que teria perecido em caso o contrário.
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O Lago Batlava (Kosovo) pertencia a Dadânia |
Monúnio casou sua filha, Etuta, com o rei Gêncio dos ardieus em 169 a.C. No entanto, o casamento parece não ter assegurado uma aliança entre ardieus e dardânios. Durante a Terceira Guerra entre os romanos e a Macedônia (171-168 a.C.), o rei Perseu conquistou uma ampla faixa de território no sul do Estado Dardânio, bem como a região de Penesta (o atual vale Polog) com as suas cidades Uscana, Oene e Draudachus. A fim de parar os ataques dardânios à Macedônia, Perseu incendiou e destruiu as regiões ao norte e oeste do Monte Scardus (atuais Montanhas Sar), uma área conhecida posteriormente como "Ilíria Deserta".
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As montanhas Sar |
Através destas campanhas, Perseu aniquilou as bases militares que os romanos haviam construído no noroeste de seu reino, cortou as rotas que os dardânios tinham usado para suas incursões à Macedônia, e inseriu-se entre os domínios de Monúnio e Gêncio. Uma vez que as relações de casamento dinástico parecem não ter trazido uma aliança entre os dois Estados ilírios, em 168 a.C. Gêncio se alia a Perseu, o inimigo de seu sogro. No entanto, Monúnio preservou a neutralidade dos dardânios no conflito romano-macedônico. Após a conquista romana da Macedônia em 167 a.C., os dardânios pedem ao cônsul Paulo Emílio o controle da Peônia, mas ele recusou, dando-lhes apenas o direito ao comércio de sal na região. Por fim os dardânios foram diminuindo sua relevância no contexto na história dos Bálcãs e no ano 28 a.C., a Dardânia foi submetida pelo cônsul romano Caio Escribônio Curião e incorporada a província da Mésia superior.
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A Dardânia incorporada à Mésia Superior |
Fonte:
http://en.wikipedia.org/wiki/Monunius_of_Dardania
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